sábado, 5 de maio de 2007

Mistério

Gosto de ti, ó chuva,nos beirados
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende.
Um sonho de magia e pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Múrmuruios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco,sempre frio
Fazes passar o lúgrube arrepio
Das sensações estranhas,dolorosas...

Talvez um dia entenda o teu mistério...
Quando,inerte,na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome ás rosas!


Florbela Espanca


(Bom dia da Mãe !)

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